domingo, 22 de julho de 2007




SONHO DE UM SEIXO



Silêncio ensurdecedor,
penumbra cansada, ociosa.
Mais uma noite insone...
Um quarto iluminado,
Dois seixos flutuando no ar...
Em devaneios,
o primeiro se perdenuma montanha vazia...
Enquanto, as horas queimama
esperança do segundo.
Em pensamento pode sentir a
respiração do outro que,
íntimo elongínquo escoa-se,
mas não se move.
Tão acessível ao pensamentoque
pode com os olhos parados,
tocá-loe, com as mãos agitadas, ouvi-lo...
Se os sonhos os separam,
a vida os reúne.
São dois mares pulsantes.
Sob a ilusão de um: a semente da vida,
o pólen da flor, o brilho do sol, o mundo!...
nasce nas mãos do outro...
Mas tudo é ilusão.
Nada é real...
Joga-se então na fantasia e, vive!
O seixo sente o calor da pele do outro e,
isso é realidade!
O calendário insiste em marcar dias,
meses,
anos...
Esses voam a uma velocidade
que até o tempo duvida!
Mas, o seixo
continua firme em seu propósito:
Quer sentir o outro...
Vê-lo enlouquecido...
Tocar sua pele,
sentir seu cheiro,
seu gosto,
seu hálito quente,
suas mãos deslizantes...
Unir bocas e línguas indecente
sao som de uma orquestra
de gemidos incontidos,
sob as batutas de dois maestros
que com mãos hábeis,
vão distribuindo todas as notas harmônicas
do mais puro musical.
E, querendo ter
e dar prazerna pele arrepiada,
no cheiro, no gosto, no sexo...
No tocar os seios,
no puxar de cabelos,
na mordida na nuca e,
no pescoço
Querendo ver o outro enlouquecido,
depravado, alucinado!...
Um corpo no outro,
Uma língua na outra,
Sem limites, sem juízo
Lambendo, sugando,
Do rosto aos dedos dos pés:
Corpo em paraíso!
Entrelaçando pernas,
Invadindo sexo úmido,
cavalgando
Indo fundo, no outro mundo
Em êxtase total...
E, o relógio desperta.



Tânia Regina Voigt

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